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Jojo Rabbit (2019)

“Jojo é um menino alemão de 10 anos de idade. Recluso e solitário, ironizado por quase todos, sua visão do mundo é colocada a prova quando d...

“Jojo é um menino alemão de 10 anos de idade. Recluso e solitário, ironizado por quase todos, sua visão do mundo é colocada a prova quando descobre que sua mãe esconde em sua casa uma jovem judia no sótão. Com a ajuda de um grotesco amigo imaginário, Adolf Hitler, Jojo enfrenta sua consciência e entra em choque com seu nacionalismo cego.”

A história em si, pela sinopse me agrada. Contudo antes de entrar nos comentários necessito colocar certos fatos. Acabara de assistir na sessão anterior “Um Lindo Dia na Vizinhança”, filme que me arrebatara e que adorei. Entrei em seguida em outra sala para ver o filme de Waititi. Logicamente que haveria uma cobrança maior a ser feita. Então aguardei um pouco e vi novamente o filme. A conclusão não é das melhores. Talvez se tivesse uns 12 anos eu gostasse do filme, mas tenho 56. As cenas surgem sem que necessariamente exista um fio condutor minimamente plausível. Scarlett Johansson aparece em cena, mas a sua personagem não possui nenhuma camada aproveitável. É aproveitado apenas seu belo rosto e lábios. O que lhe é dado para construir é destituído de sentido. A jovem judia também nada acrescenta a história e o seu relacionamento com o pequeno Jojo é oco. Todos os personagens secundários são caricatos, exceto talvez o garoto gordinho, mas isso é muito pouco. O ser caricato não me incomoda muito, até pelo fato do filme ter a pretensão de navegar pela comédia. Problema é que esse caricato é feito sem inteligência. Existe bons momentos, a maioria levado a cabo pelo Capitão nazista gay (vivido por Sam Rockwell) e em menor grau por Rebel Wilson (Fraulein Rahm).

Existe o disparate de compararem a obra aquela de Chaplin. Pretensão totalmente descabida. Primeiramente pelo fato de Chaplin compor sua obra durante o conflito, com Hitler bem vivo. Ato de coragem, filme oportuno, feito as pressas e que sem deixar de ser genial, é irregular, dentro de sua filmografia.

Hitler (o imaginário) passa por chaminés, pula janelas, corre desengonçado. Não existe nenhuma confrontação com a imagem do real, do verdadeiro. E sem confrontação, parece que a ameaça fascista, é apenas imaginação, tememos o nada. Um filme sem tensão, sem ameaça e que não pede reflexão nenhuma. Uma ode ao vazio.

A única perplexidade é daquele que se posta com o intuito de querer entender o que está sendo proposto com esse filme? Fiquei aguardando o momento em que se iniciaria a mudança para uma fábula melodramática onde um menino entenderia que trilhava o caminho errado e com a ajuda de uma jovem judia adentraria no rumo dos verdadeiros valores da existência. O que encontrei foi uma muralha, um beco sem saída. Frustra-me, pois vi o filme que Waititi dirigiu no mundo Marvel e achei muito engenhoso. O que o impediu de desenvolver essa veia aqui?

Um filme feito para ninguém. Um fracasso absoluto. Um punhado de cenas amontoadas uma atrás da s outras e que não formam nada. Quase duas horas nos mostrando Hitler como um idiota ingênuo e abobalhado. Logicamente que o garoto foi adestrado para ser nazista. Logicamente que de sua boca só sairia ingenuidades e absurdos sobre essa figura. Grande problema é que todos, absolutamente todos que surgem, nada dizem contra essa visão. Nem sua mãe, que parece passar a mão na cabeça. Que ela temesse pela segurança dele e o deixasse lobotomizado tudo bem, problema é que o filme é tão estupido que nunca contrapõe ou desmente o ideal nazista. O filme apenas apequena a ameaça. Um projeto de uma estupidez incomensurável a fomentar pela inocuidade, o ressurgir dessa praga.


Escrito por Conde Fouá Anderaos

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