Não é incomum o nome de Edward D. Wood Jr., mas sim como o tornou famoso na história. Pior diretor de todos os tempos, maluco, idiota, trave...
Não é incomum o nome de Edward D. Wood Jr., mas sim como o tornou famoso na história. Pior diretor de todos os tempos, maluco, idiota, travesti, um Orson Welles (seu grande mestre) ao contrário.
Mas é quando durante o filme de Tim Burton, que Ed Wood na pele de Johnny Depp, diz para os religiosos – que estavam reclamando da precariedade do cenário, já que o mesmo estava se desmontando – uma frase:
“- Cinema não é uma questão de detalhes, mas sim de contexto.”
Esses religiosos, tomam então o lugar dos verdadeiros espectadores ingênuos do tamanho da realidade (ou irrealidade) do cinema. Não são poucas vezes, que deparamos com argumentos primitivos e preconceituosos, que barram o limite da arte, o limite do cinema.
Quando vemos um filme thrash, com certeza não esperamos algo convencional. O que mais exigir do que sangue, ácidos, tiroteio, zumbis, aflições(fobias) e coisas grotescas, absurdas de um filme como Terror nas Trevas? Todos lá, já estão no fundo do poço, não tem esperança. Existe, é claro, a possibilidade de manter algum contato externo, já que uma vez, um filme pode explorar o sensacionalismo do terror baseado em fatos históricos (tem aí, primeira e segunda guerras mundiais de exemplo, algo parecido com o que acontece em Vá e Veja de Elim Klimov), mas nossa relação é sempre mais profunda com o interior da obra. Não estaríamos equivocados ao julgar filmes pelo mesmo critério básico de todos?
Tarantino, o diretor do momento – que com seus erros e acertos, ainda sim, se destaca da grande maioria – falou sobre John Ford, nome comum na sociedade cinéfila, no faroeste. Rastros de Ódio, um de seus filmes, é com certeza um épico acima da média embora tenhamos aí, uma relação de divisão entre o bem (os americanos brancos) e o mal (os índios), Ford com certeza não era o único que tinha esse pensamento. Em 1915 (onde participou do filme de Griffith), ainda havia na ideologia de muitos o pensamento racista e conservador, era normal. Não seria injustiça nossa trazer um contexto (como disse o nosso amigo Ed Wood) do passado para o presente?
Claro, também, que detalhes fazem sim a diferença, mas o contexto muda (ou deveria) mudar o nosso modo de pensar sobre cada filme, não é uma questão de aceitação, mas de humildade. Ed Wood, que pode ter sido o maior cinéfilo de todos os tempos, também foi julgado por muitas dessas pessoas que defendem um único pensamento - que no final é a maioria do público leigo – criando fórmulas de como um filme se torna bom. Temos aí um caso em que o “pior diretor de todos os tempos” se vê como vítima da mais injusta acusação cinematográfica e criativa, de autor para com espectador.