Ídolos adolescentes. Um dia eles foram Beatles e Rolling Stones. Hoje eles são Justin Bieber e Lady Gaga. Mas isso não vem ao caso. Falo iss...
Ídolos adolescentes. Um dia eles foram Beatles e Rolling Stones. Hoje eles são Justin Bieber e Lady Gaga. Mas isso não vem ao caso. Falo isso pois é sobre ídolos adolescentes que a ex-diretora de videoclipes Fiora Sigismondi monta toda essa homenagem à uma banda, que sem a menor sombra de dúvidas foi um ídolo de sua adolescência. Ídolos do passado no enredo, ídolos do presente no elenco, afinal, a escolha de colocar Kristen Stewart como uma das protagonistas em meio à febre infanto-juvenil que é a tal saga de vampiros não é uma mera coincidência, é apenas um argumento para fazer com que uma nova geração conheça aqueles que seus pais possivelmente amaram, mas que hoje amargam um completo ostracismo. A visão que Sigismondi tem da banda que retrata é semelhante em vários aspectos à de Cameron Crowe em seu Quase Famosos, apresentando a mesma superficialidade e o vazio sexual daquele, porém, em doses mais fortes. Drogas se limitam a baseados e carreiras, sendo seringas coisas inexistentes. Nudez então, impensável. Talvez, isso se deva ao fato de que uma classificação indicativa mais elevada acabaria afastando os jovens da sala de cinema, fazendo com que a arrecadação nas bilheterias se tornasse um estrondoso fracasso. O dinheiro se sobrepondo à visão artística. Corriqueiro nos dias atuais. A banda The Runaways pode ser considerada um marco na história do rock'n'roll apenas pelo fato de ser o primeiro grupo totalmente feminino a fazer sucesso em um universo extremamente machista e fechado, muito embora tenha durado apenas quatro anos. E nesses quatro anos, mostrados aqui nessa cinebiografia, temos a clássica trajetoria de sonhos, testes, apresentações, sucesso, prestígio, drogas, brigas, declínio e ostracismo que tanta vezes já não vimos, repetidas até a exaustão, seja na ficção, seja na vida real. Numa terra onde até a banda é um estereótipo, nada mais normal que personagens totalmente estereotipados. Garotas rebeldes, produtores loucos, mães relapsas, pais alcóolatras e qualquer outra idéia pré-modelada que você possa ter, a diretora também teve. Diretora essa que realiza o filme tal qual um dos seus videoclipes. Câmera instável, closes em detalhes ínfimos compõem uma obra essencialmente auditiva. Deliciosamente auditiva, diga-se de passagem. David Bowie, Susie Quatro e Sex Pistols, que de tão maravilhosos, acabam fazendo The Runaways parecer uma banda de garagem, sobretudo devido à vergonhosa canção "Cherry Bomb" com uma das letras mais horríveis já cometidas por um ser humano, dito "racional". Nesse cenário desolador, nossa única alegria fica a cargo das atuações. Dakota Fanning largando aquele imagem de garotinha que nós temos desde A Menina e o Porquinho para mostrar que cresceu (e muito bem), Michael Shannon defendendo a indicação que teve ao Oscar por Foi Apenas um Sonho em mais uma exelente atuação e, acima de tudo, Kristen Stewart, uma atriz que particularmente me agrada, não sendo merecedora das críticas que recebe. Embora eu não tenha acompanhado suas atuações na saga vampiresca, posso dizer com base em suas atuações em Quarto do Pânico de David Fincher, Na Natureza Selvagem de Sean Penn e agora nesse The Runaways que é uma atriz de bastante futuro. Isso, é claro, se ela conseguir se livrar do papel de Bella Swan. Torço que consiga.