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O Dia do Gafanhoto (1975)

Estamos em Hollywood, nos anos 30, pouco depois da grave crise de 1929: um mundo de muito glamour, com os famosos astros e estrelas do cine...

Estamos em Hollywood, nos anos 30, pouco depois da grave crise de 1929: um mundo de muito glamour, com os famosos astros e estrelas do cinema, e de muitos sonhos e esperanças. Por outro lado, temos também os jovens aspirantes a ator, os figurantes e toda a "gente comum" vivendo a ilusão de atingir e alcançar um sonho irrealizável. É nesse cenário que Tod Hacket (William Atherton) chega para tentar a sorte como desenhista de cenários. Ele conhece Faye (Karen Black), uma jovem atriz que faz figuração em fimes e vive com o pai, um ex-ator cômico e alcoólatra. Tod se apaixona por Faye, mas não é correspondido pois, segundo ela própria, é uma pessoa que só pode ser amada por um homem rico e amar um homem extremamente bonito. E completa: "Sinto muito. Eu sou assim."

A certa altura do filme, Faye conhece Homer (Donald Sutherland), um contador rico, extremamente tímido e ingênuo; ou seja, o tipo perfeito para Faye se envolver, mesmo que seja um relacionamento frio e distante.

O filme, injustamente pouco conhecido aqui no Brasil, é baseado no livro homônimo de Nathanael West, escritor norte-americano que também foi roteirista em Hollywood. E a Hollywood que ele nos apresenta nada tem de gloriosa: prostituição, brigas de galo e alcoolismo fazem parte dessa "cidade dos sonhos" nada atraente e nada parecida com a luxuosa e glamourosa cidade que povoa a imaginação de muitas pessoas aspirantes a ator. E aqui cabe uma observação sobre o título original da obra: The Day of the Locust. Embora "locust" signifique "gafanhoto", é também usado para se referir às pessoas comuns, sem voz, perdedoras. E é nesse último sentido que é utilizada no título, e se justifica no clímax final, que representa uma das cenas mais chocantes e violentas da história do cinema, além de ser carregada de simbolismos (os quais não vou aqui discutir, pois daria páginas e mais páginas de análise).

Assim como todo filme ou livro, há quem ame e há quem odeie este filme. Me encaixo no primeiro grupo. Afinal, a vida pode até ser bela, mas não um conto de fadas como comumente é retratada no cinema. Muito menos em Hollywood, com suas falsas loiras e pessoas fazendo de tudo para ascender na carreira, mesmo que para isso tenha que esconder a verdade sobre um grava acidente num set de filmagens, que resulta em dezenas de feridos, alguns com gravidade. Ou, então, quando os "locusts", ou os "sem-voz", resolverem não mais ficar calados, como no violento desfecho.

Ame ou odeie o filme, mas não deixe de vê-lo ao menos uma vez. E tente não ficar indiferente a tudo o que você está vendo. Quero ver conseguir.


O DIA DO GAFANHOTO (The Day of the Locust, EUA, 1975). 
Direção: John Schlesinger. 
Elenco: William Atherton, Karen Black, Donald Sutherland, Burgess Meredith. 
Duração: 144 minutos.