Alienação, mídia e manipulação. Já faz 50 anos que a ditadura militar se firmava no Brasil, “a mais longa da América Latina” e tão esquecida, quase inexistente.
O Dia que Durou 21 anos (idem, 2012) é, antes de mais nada, um documentário sobre o poder da manipulação. Ao invés de optar pela repaginação da história de forma convencional, o que Camilo Tavares faz aqui é se concentrar fundamentalmente ao poder midiático dos Estados Unidos no Brasil. Seus documentos, em sua estética aparentemente sensacionalista, mas não apelativa, tratam do golpe a qual o povo brasileiro sofreu durante 2 décadas de forma incomum. Embora, sabe-se de toda a participação externa do tio Sam sob a terra brasileira, de forma profunda, mas lúcida, Tavares trata seu documentário como um espelho, reflexo da atual geração e atual Brasil com o de 50 anos atrás através da influência, não como algo datado, mas sim atual, mais presente do que nunca.
É dentre as imagens de Kennedy, Lincoln Gordon e toda a equipe de maquiagem preocupada com Fidel Castro e o socialismo que Tavares alimenta seu filme. Imparcial, somos movidos por diversas questões e temas. Se por um lado existe o socialismo que poderia “corromper” o Brasil, mas não haveria o golpe militar, do outro existe o capitalismo alienante e repressor dos EUA preocupados com a influência na terra brasileira, mas benéfico de outro lado por desenvolverem o país. Tavares, traduz em sua linguagem, o dilema que o país se encontrava e a nossa “relevância” durante a história quando se trata de um poder maior, não atoa, Camilo Tavares se utiliza de colagens que misturam o ritmo frenético das ações que aconteciam naquela época tão turbulenta, mas ainda nova para o Brasil.
O palco, que ocupava o país, permite a Tavares não se limitar a discutir a ditadura com meras discussões ou debates sobre a mesma, mas sim ousar. Praticamente todo o tempo em que temos em pauta, ou seja na maior parte do filme, o tio Sam envolvido com Brasil, o documentário de Tavares parece ganhar um ritmo diferente, pois há sem dúvida um lugar especial, um ponto de vista especial no documentário, ao contrário de outros gêneros, em tratar sobre mentira e manipulação. Por isso, Tavares não poupa os registros de imagem, as fortes frases autoritárias, a propaganda, o consumo, as operações e o medo dos Estados Unidos, trilhas-sonoras pesadas, as torturas, entrevistas com pesquisadores, deputados e historiadores para quem sabe, provar que a luta não acabou em 1985, mas sim que apenas começou.