As adaptações de histórias em quadrinhos tornam-se, cada vez mais, a prioridade de certas produtoras, devido ao grande público que foi conquistado, com o passar dos anos. Diferentemente de boa parte das adaptações contemporâneas, que costumam se limitar aos super-heróis, "Creepshow", dirigido pelo cultuado diretor George A. Romero, realizador de obras marcantes, como: A Noite dos Mortos-Vivos (Night of the Living Dead, 1968), e Despertar dos Mortos (Dawn of the Dead, 1978), aborda contos bizarros, que se restringem ao gênero terror, numa viagem deliciosa, que homenageia as HQ's, de mesmo nome, que eram publicadas na década de 80. Com roteiro de Stephen King, baseado em contos que o mesmo escrevera, "Creepshow" reforça o subgênero terror-tales.
Depois da rápida introdução, onde o pai proíbe o filho de ler histórias em quadrinhos, no caso, a própria Creepshow, o filme de Romero decola por entre 5 contos inusitados. O primeiro, Father's Day, nos mostra um encontro entre membros de uma família, no Dia dos Pais. O patriarca foi assassinado por uma de suas filhas, que está indo até essa reunião familiar, onde encontraria sua irmã, e alguns sobrinhos. No entanto, dessa vez, a data ficaria marcada por uma macabra aparição. No segundo conto, The Lonesome Death of Jordy Verrill, encontramos um fazendeiro idiota - interpretado pelo próprio Stephen King - que avistou um meteoro caindo perto de sua casa. No terceiro conto, Something to Tide You Over, vemos um marido insano - interpretado por Leslie Nielsen - que quer se vingar de sua ex-esposa, e do amante da mesma. No quarto conto, The Crate, um zelador encontra uma misteriosa caixa, embaixo da escada, e resolve falar com um dos professores da faculdade, sobre o conteúdo. No quinto e último conto, They're Creeping Up On You, presenciamos um milionário ignorante, com problemas de insetos, em seu luxuoso apartamento. Uma estória mais bizarra do que a outra, e Romero, juntamente com King, faz questão de deixar isso bem claro, desde o início. Declaradamente, o filme tem a intenção de fugir de qualquer aspecto que o tornasse verossímil, por isso, além das temáticas fictícias, temos os personagens insanos, que contribuem para esse feito. Por ser Romero, muitos dizem que "Creepshow" não passa de um fracasso em sua carreira, entretanto, sua intenção é de extravasar o convencional, trazendo estórias que englobam os mais diversos personagens responsáveis pelo terror, no universo do gênero. Zumbis, monstros, seres de outro planeta, insetos, e claro, o próprio Homem. Um quesito que ainda é considerado por muitos, como um dos mais importantes da obra, é a maquiagem. Realizada por Tom Savini, um dos profissionais mais talentosos, dentro da área, a maquiagem concede ao filme, um grande diferencial. Na frente das câmeras, esse trabalho aprimorou a atmosfera sinistra do filme, por trazer, de forma íntegra, os detalhes da própria revista em quadrinhos. Agora, por trás das câmeras, acabou trazendo um grande reconhecimento, não apenas ao filme, por ser um dos poucos que trabalhara tão bem o quesito, mas, também, obviamente, ao Savini, que ainda recebe diversas intitulações, como: o melhor maquiador do gênero.
Desde o começo, prometendo ser um exemplar bem divertido, "Creepshow" faz todas as referências possíveis, às revistas que serviram de formato, ao filme. Desde a mudança dos contos, onde vemos as imagens das HQ's, transformadas em cenas, até a cenografia fiel. Por se basear nas estórias de Stephen King, "Creepshow" declara o tom descompromissado, abrindo mão de um produto tecnicamente impecável, e optando por funcionar como um filme de terror, com seus traços cômicos, que pretende divertir os amantes do gênero, e, obviamente, das revistas. Um Romero menor, mas, mesmo assim, muito agradável.