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Conclave (2024)

  “Nunca fiquei grudado em uma poltrona por duas horas como agora” , disse um dos muitos espectadores que foram cativados por “Conclave” na...

 


“Nunca fiquei grudado em uma poltrona por duas horas como agora”, disse um dos muitos espectadores que foram cativados por “Conclave” na sessão em que eu estava. Uma reação recorrente desde o lançamento do filme nos EUA. Com uma bilheteria que passa dos 110 milhões de dólares e tendo sido vencedor de diversos prêmios e festivais mundo à fora (BAFTA, ALFS Awards, San Diego Festival e etc.), a história que mostra o processo de seleção de um novo Papa é sucesso tanto de público quanto de crítica. Mas por quê? O que o torna diferente de outros ótimos filmes que tivemos nos últimos tempos?

Para começar, ele se passa no Vaticano! De início, nenhum lugar poderia parecer mais estranho para a trama de um suspense. Tolo engano. A ação começa após a morte súbita e misteriosa do papa e continua com a eleição de seu sucessor, um processo que é interminável, mas também cruel e de tirar o fôlego. Lutas por influência, rivalidades, truques sujos, maquinações e estratégias obscuras: reunidos em conclave, os cardeais que disputam a batina branca se comportam como políticos sedentos de poder.



De acordo com o diretor alemão Edward Berger, que já havia ganhado quatro Oscars por Nada de Novo no Front, esse aspecto “House of Cards” da Santa Sé, tão surpreendente quanto perturbador, é o interesse central do filme, que nos leva aos bastidores de um dos lugares mais secretos do mundo. “Não há nada de fictício no que mostramos aqui”, ele disse em entrevistas. "Conselheiros religiosos nos ajudaram nas filmagens e trabalhamos com cardeais, as pessoas que todo mundo acha que são santos. Mas eles não são! Eles cometem erros, pecam, choram. Muitos deles fumam ou se vaporizam. Essa história mostra sua humanidade. Acho fascinante o contraste entre um telefone moderno e o teto da Capela Sistina. Uma capela brilhantemente recriada para o filme nos estúdios da Cinecittà em Roma. No mundo real, você não pode nem tirar uma foto!”

Esteticamente esplêndido, “Conclave” recebeu nada menos que 8 indicações ao último Oscar, e faturou a estatueta na categoria de “Melhor Roteiro Adaptado”. Além do celebrado roteiro e de Berger na cadeira de diretor, outro grande trunfo do filme é seu milagroso elenco, liderado por Ralph Fiennes (“A Lista de Schindler”, “O Paciente Inglês”, “O Menu), que fez questão de falar o máximo de italiano possível em sua interpretação do Cardeal Lawrence, responsável por organizar a eleição do novo pontífice.“No início, ele relutou em aceitar o trabalho, porque estava pensando em deixar o Vaticano para uma vida mais monástica”, disse o ator sobre o personagem, que ele compara a George Smiley, o anti-herói dos romances de John Le Carré, um agente do serviço de inteligência britânico. "Lawrence é gentil, sábio e honesto. Ele é alguém que ouve, procura soluções e não quer escândalos."


Se bem que Fiennes não é alguém tão confiável (e não digo isso por ele ser também o Voldemort), pois, como ressalta o próprio diretor:“Ele é o único ator que conheço que continua a atuar quando não está sendo filmado”, diz Berger do ator Fiennes. Ele – o diretor – também explicou que há muito tempo está familiarizado com o aspecto “extremamente hierárquico e masculino” da Igreja. "Estudei em escolas católicas no Reino Unido e na Irlanda. Quanto a Isabella Rossellini, que temos o prazer de ver novamente no papel da Irmã Agnes, ela é natural da Cidade Eterna e teve seu primeiro contato com a severidade das freiras ainda muito jovem. Sua personagem nos lembra que as freiras e os cardeais formam dois grupos muito distintos no Vaticano (“como água e óleo”), mas que as primeiras, embora silenciosas, não são submissas por isso, como Isabella nos disse: “Elas podem ser sombras, mas as sombras têm presença”.

“Conclave” também é estrelado por Stanley Tucci como o Cardeal Bellini e John Lithgow como o Cardeal Tremblay. O Cardeal Tremblay insiste que o filme não trata apenas de política. Sem revelar muito, entendemos que o falecido papa tinha um segredo relacionado a uma realidade muito atual, que o Vaticano preferiu enterrar. Mais uma ilustração da falta ainda existente desconexão da Igreja Católica com o mundo moderno. Algo que nosso querido Papa Francisco, recém falecido, certamente fez muito para mudar. Resta-nos torcer para que esse trabalho seja continuado por seu sucessor, que será escolhido por um conclave com previsto para ter início em 7 de maio.

Enquanto isso, fiquemos com a ficção!