Nada É Sagrado (1937)

“Punido por seu patrão, jornalista para retornar as graças com ele, aceita escrever uma série de artigos sobre jovem infeliz contaminada por rádio que possui pouco tempo de vida. Quando chega a pequena cidade onde ela mora, é ludibriado por ela, já que o médico já havia lhe dito que o diagnóstico era errôneo: em realidade tratava-se de anemia – trata-se de um médico incapaz e dado as bebidas – único disponível no pequeno lugar. Ela se cala e aceita se dirigir a New York e viver alguns dias de Cinderela como se estivesse a viver os últimos.”

Alguns mais atentos verão nessa sinopse semelhança com outro filme: Adorável Vagabundo (1941) de Frank Capra. Contudo Wellman e o roteiro não possuem por trás a preocupação social que o siciliano possuía o que enfraquece seu resultado. Entretanto, esse não é desprezível. O roteiro (escrito por vários autores) possui algo daquela magia que (salvo raras exceções) jaz perdida pelas gerações atuais. Wellman, conhecido por seus westerns e filmes de Guerra se não decepciona, também não empolga. Falta-lhe uma maior desenvoltura para explorar as várias situações propiciadas pela história. Fica centrado apenas no romance entre o jornalista e a “vigarista” esquecendo-se assim de outros achados: o jornalismo sensacionalista e a fome pela tragédia da população (que a imprensa marrom como Datena e Marcelo Resende explora até hoje – Wilder exploraria tal a perfeição no genial “A Montanha dos Sete Abutres”). Alguns personagens ainda que caricatos, nos divertem muito: Connolly cria um dono de jornal hilário, o engraxate e sultão (feito por Troy Brown Junior) é um achado, o médico alcoólico divertido. Se Carole Lombard se sente a vontade no papel, falta a March o cacoete necessário para compor o personagem. Parte da falta de química da dupla central nasce dessa falta de traquejo de Fredric para a comédia.

Alguns críticos acostumados a ter contato com a safra perfeita daquela época: Capra, Lubitsch, Hawks, Sturges, alguns La Cava e Leisen, certamente criticarão a obra e verão nela diálogos pouco explorados e algumas situações que mais constrangem que divertem (O esquilo sobre as costas da protagonista e seu grito para ficarmos em um). Mas credito muitas das falhas mais a direção de Wellman. Ele parece se perder com o roteiro e não possui a versatilidade necessária para trabalhar com o tema. A mise em scène soa insensata e monótona em vários momentos; e o gênero ao contrário disso pede e requer uma disciplina e um manuseio das situações bem mais elaborada por parte dos atores em cena. Apesar de contidos em suas virtudes pela direção, notamos o conhecimento que possuíam do que deveriam realizar em cena (exceto March). Apesar disso, o filme ainda surpreende e o tema que trata é pertinente até hoje. Prova suprema que o que falta para os roteiristas de hoje é passearem seus olhos pelo que era produzido na velha Hollywood. Como o filme caiu em domínio público as cópias em DVD nem sempre trazem aquela preocupação em se manter a obra a mais perfeita possível. Mas isso não é culpa da obra e nem desculpa para que não a conhecermos. Boa diversão para aquele que se aventurar a vê-lo.


Escrito por Conde Fouá Anderaos

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