O Menino do Pijama Listrado (2008)

Vi esse tal de “O Menino de Pijama Listrado”. Já vi vários outros filmes sobre o holocausto ou o nazismo em minha existência. Uns a favor e muito bem realizados (Como Bastardos Inglórios), outros apenas bem intencionados e que não dizem a que veio como esse... Mas dizer que não disseram a que veio é algo por demais cruel em se tratando de intenções boas. A ideia da obra em si é excelente. Sua execução, no entanto nos dá a certeza de que se perdeu uma grande oportunidade de contribuir para o sepultamento definitivo das ideias Nazistas.

Dizer que foram os judeus a maior vítima do que se deu na Europa naquela época é um pecado que não cometerei. A maior vítima foi à humanidade que aceitou regredir aos tempos de barbárie. E os judeus, homossexuais, ciganos, os limitados física e mentalmente, etc serviram de repasto a insanidade humana. A lição, no entanto é clara, antes ser vítima que algoz em um crime desses. Infelizmente não se enxerga essa verdade. E é necessário sempre referendar que tal realmente é verdadeiro, não algo distante no tempo, mas presente e que se não for vigiado pode retornar a superfície.

O filme em si tem vários acertos e alguns erros que o diminuem. Interessante à ideia de se mostrar o garoto como alheio ao que se passava ao redor. Lembro que vi algumas fotos sobre a Guerra Civil Espanhola onde se retratava crianças brincando nos escombros de outrora casas, alheias a realidade que as cercavam. Triste saber que a infância está ficando cada vez mais encurtada. E notemos que isso já era uma das propostas educacionais do III Reich e que foi perpetuada por vários governos. E é esse mote que permite o desfecho plausível da obra. Outro acerto que muitos viram como falha foi o fato de Shmuel ter aquela liberdade de poder ficar tão próximo a uma cerca sem vigilância nenhuma. Improvável é verdade. Mas sabemos que a violência psicológica em vários momentos foi maior que a física. Os vigias eram ínfimos, já que uma fuga não levava a lugar nenhum. Toda a Sociedade comprara a ideia Nazista.

O erro está principalmente na falta de elaboração de alguns personagens. O pai do garoto não consegue (roteiro e intérprete) nos passar aquela sensação de dubiedade tão necessária ao filme. O empregado judeu (Pavel) soa-nos caricato demais e seria improvável que estivesse trajado daquela forma diante deles na vida comum que levavam. Era necessário que tudo soasse dentro da mais perfeita normalidade para a Sociedade. A polidez hipócrita é que marcava o Regime dominante naquela época. O pai amoroso escondia dentro de si o algoz frio e irascível.

A mãe e a sua ingenuidade também está mal resolvida. Mas ao menos a atriz (Vera Farmiga) acreditou no papel e o torna crível. O mesmo se dá com Amber Beattie no papel de Gretel e seu relacionamento com o Tenente Kotler. Rupert Friend faz um papel já conhecido de todos, o do jovem cooptado que se fanatiza com o que lhe é pedido, a ponto de querer provar a todo o instante que é mais nazista que todos.Infelizmente explora-se pouco personagens como Pavel, que serviriam para dimensionar bem o horror que se escondia atrás da cerca. Ao final da projeção temos a sensação que tudo se deu de maneira mecânica e abrupta. O que não se perdoa é a forma mecânica demais. Um final abrupto e inusitado até vai. Fiquei com a impressão de que não souberam construir o desfecho. Caberia ali uns 10 minutos a mais, estivesse a frente da produção um diretor mais feliz e um roteiro mais elaborado. O material era bom (por qual Diabos não rasparam a cabeça de Gretel e Bruno devido a piolhos como no Livro? ) O material era bom. A execução do que vimos nem tanto. De toda a forma um filme a se ver. Qualquer obra que venha a manter tocando um alerta sobre o que se deu é bem vinda. Mesmo essa que tinha potencial para se tornar algo bem maior do que o que foi projetado.



Escrito por Conde Fouá Anderaos
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