Alien vs. Predador 2 (2007)

Já disse certa feita que acho que os maiores monstros jazem adormecidos dentro do próprio ser humano. Costumamos exteriorizá-los vez ou outra, e assim surgem os grandes dramas e as tragédias cujo extremo maior são as Guerras e os extermínios em massas. Achava o primeiro Alien um filme extremamente interessante. Era um filme de terror e suspense no espaço sideral, bem distante de nosso habitat. O terror nascido ali era verdadeiro. Os personagens tinham um bom desenvolvimento. Suas seqüência infelizmente não alcançaram o nível do primeiro, nem resvalaram nele. A idéia de jungir dois “monstros” que atraíram bilheteria foi interessante. Sobretudo para os cofres da 20TH Century Fox. O filme que nos trouxe pela primeira vez o personagem do Predador, ainda que não tão elaborado como “Alien – O oitavo passageiro”, era digno de atenção. Sobretudo por que estávamos diante de homens preparados para matar e que encontravam um ser que lhes era muito superior, técnica e corporalmente.

Temos a mania de querermos ver nossas criações bem distantes de nós (os dois filmes citados ocorriam em lugares isolados), bem como o primeiro “Aliens versus Predador”(a ação ocorria em antigas ruínas em um lugar ermo). Posteriormente, com o intuito de acharmos que estamos sendo originais, vamos aproximando-o de nossas presenças. É o que ocorre com esse filme. Retomando o final da obra que o precede, encontramos a nave dos predadores a enfrentar um alien que nasceu do corpo do Predador morto no filme antigo. A nave devido o ataque inesperado, perde o controle e se espatifa de encontro ao nosso Planeta, próximo a uma pequena cidade do Colorado. É um cenário mais urbano, colocando em primeiro plano bravos cidadãos americanos. E vemos o núcleo dos personagens que confrontarão tanto os Aliens, quanto um predador que se dirige para lá, Os humanos que aparecem em cena são caçadores, entregadores de pizza, delegados e seus ajudantes, ex-detentos, adolescentes arruaceiros, uma ex-veterana do Iraque e sua família. Não importa muito quem sejam... Afinal serão pouco desenvolvidos e o roteiro não está de forma alguma preocupado com o desenvolvimento e aprofundamento das relações humanas (exceto a veterana do Iraque, não reconheci ninguém em cena). Eles servem apenas de empecilho, ou muralha entre os dois monstros. E todos as monstruosidades possíveis ocorrem, não pelas mãos do ser humano, mas pelos dos que se confrontam. Crianças, mulheres grávidas, pais de família, servem de repasto para as criaturas e também para os que se deliciam com esse tipo de espetáculo. Não existe lógica na ação de ninguém. O Predador esquarteja um policial desarmado e não se interessa por um assaltante vingativo. Ainda que o publico a que se destina tal obra não prime muito por histórias paralelas, deveria existir uma mínima ligação entre as cenas. Tudo me soou por demais ilegível, a montagem é horrível. Outra incoerência do filme: Apenas um Predador enfrenta os vários Aliens. Se na obra precedente, tal não foi possível, apesar do ambiente fechado onde estavam, como agora ele poderia dar conta de todas essas criaturas num espaço a princípio ilimitado?

O Predador não deixa de ser , um louco sádico dotado de tecnologia superior, sem capacidade de inteligência. A forma como ele se atira para enfrentar seu inimigo desarmado e nu, o aproxima de uma besta selvagem, nem um pouco desenvolvida. Não seria como nós, fazendo uso do progresso para dizimar os povos que ainda não estão no mesmo nível, ainda que no caso dele não exista sutileza nenhuma.

O que mais me deixou assustado foi o de constatar que tal filme, assim mesmo, conseguiu superar o anterior (é verdade que tal não é difícil, afinal o primeiro era uma porcaria mesmo). Superou por ter mostrado os seres humanos que deveriam cuidar de nossa segurança se valerem de uma solução extrema para eliminar o inimigo: Exterminar todos os seres daquela localidade, E ao mostrar a raça humana como a mais perigosa, o filme ao menos se finda com uma lógica que não o norteou até aquele momento: afinal alien e predadores são criações humanas. Pouco no entanto para ao menos torná-lo digno de atenção. Fujam. Pura perda de tempo.


Escrito por Conde Fouá Anderaos

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