O primeiro filme de maior sucesso e renome de Aldrich é também o seu segundo faroeste. Repetindo a figura de Burt Lancaster que estrelara seu filme anterior como um índio apache, agora ele assume o papel de um ladrão de cavalos chamado Joe Erin que vive no México de 1866 mergulhado em uma guerra cívil. A história começa quando Joe Erin encontra Benjamin Trane, um coronel sulista norte-americano interpretado por Gary Cooper e que acabara de perder a guerra civíl por lá. Joe é uma lenda-viva em sua região, Benjamin é o forasteiro. Joe é o típico anti-herói, não defendendo nenhuma bandeira, lutando apenas por si mesmo; Benjamin é o típico herói, tendo seus ideais formados e lutando bravamente por eles e dono de um coração mole. Rapidamente os dois se tornam parceiros e amigos, vendo no outro praticamente um retrato de si mesmos. Juntos, eles partem na companhia de seus homem em direção ao seu destino. Destino esse que viria a encontrá-los em uma pequena cidade, onde eles entram em contato com as tropas rebeldes, ou juaristas, e com as tropas imperiais do coronel simpatizante francês Maximilian. Os rebeldes os oferecem uma causa pela qual lutar. O Império os oferece dinheiro para lutar. Ambos não exitam e aceitam imediatamente a oferta do dinheiro. Desse modo se dirigem ao palácio imperial onde recebem a missão de escoltar, junto da guarda imperial, uma condessa que pretende ir até a cidade de Vera Cruz para pegar um navio em direção à Europa. E é nessa jornada que o filme se foca e se desenvolve. Aqui Aldrich já dá seus sinais de maturidade. Bem mais do que em seu filme anterior, pelo menos. Com tomadas magníficas, elenco de peso, centenas de extras e cenas para fazer nível a qualquer épico, aqui ele se consagra como o pai do western spaghetti norte-americano. Muito embora repita o clichê de faroeste no desenvolvimento da trama, ele mais uma vez se distancia do estilo John Ford de se filmar, firmando sua identidade artística. Mais do que isso, servindo como influência para os faroestes que futuramente viriam das mãos de Sergio Leone e Sam Peckimpah. Tal como em O Último Bravo, temos esse tal de Charles Buchinsky interpretando um personagem secundário. Buchinsky que depois trocaria seu sobrenome por Bronson e se tornaria uma lenda viva do cinema clássico. Reza a lenda que nesse filme, durante as filmagens, ele saíra certo dia para comprar cigarros caracterizado como seu personagem e foi parado pela polícia que realmente acreditou que se tratava de um bandido. Como nota-se, estavam terrívelmente errados. Não era um bandido. Era Charles Bronson! Além de sua importância ao praticamente inaugurar o western spaghetti, Vera Cruz também é um marco ao ser o primeiro filme a utilizar as filmagens em CinemaScope e, paralelamente, ser o primeiro filme a ser filmado e distribuído em formato WideScreen. Tais elementos fazem de Vera Cruz um filme no qual sua importância para o cinema supera sua qualidade como arte.
Vera Cruz (1954)
Jorge
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