O Último Pôr-do-Sol (1961)

Após duas trocas de gênero, passando de Faroeste para Noir e de Noir para Guerra, Robert Adrich retorna para o gênero que deu início à sua carreira com esse faroeste, onde ele troca a figura de Burt Lancaster pela épica carranca de Kirk Douglas. Sete anos após o sucesso de Vera Cruz, é lançado esse O Último Pôr-do-Sol cujos sucesso e qualidade em nada se equiparam ao de Vera Cruz. Com uma trama em certos pontos até que semelhante com a do filme de 1954, porém com um roteiro muito mais artificial e frágil do que o daquele. Dessa vez temos a figura do caubói Brendan O'Malley (Kirk Douglas) que chega ao casa dos Breckenridge, onde vivem Belle (Dorothy Malone) e seu marido beberrão John (Joseph Cotten). Belle, um antigo amor de Brendan, está se preparando para iniciar uma jornada junto de seu marido para conduzir o gado até o Texas. No rastro O'Malley está o xerife Dana Tribling (Rock Hudson), que tem algumas razões de cunho pessoal para capturá-lo. Ambos se juntam ao casal em sua jornada, mas a situação complica quando aumenta o interesse de Dana por Belle e de Brendan pela jovem Melissa (Carol Lynley), filha de Belle. Assim como em Vera Cruz, a maior parte da trama aqui se desenvolve em meio à uma jornada através do deserto do México, no qual os personagens vão se descobrindo e um leque de relações vai se abrindo. Porém, como dito anteriormente, o roteiro apresenta uma superficialidade incômoda e alguns buracos nos quais as atitudes dos personagens, totalmente divergentes da situação na qual estão inseridos, parece apenas cooperar para o desenvolvimento da trama, mostrando-os como figuras quase que sem personalidade, em certos pontos. Logo no início da trama, num diálogo entre Brendan e John, o primeiro expõe suas condições para adentrar na jornada do segundo, sendo elas "Um quinto do seu rebanho e a mão de sua esposa", condições essas aceitas pelo bêbado, visto que se ele recusasse, não haveria desenvolvimento da trama. Um pouco mais a frente, Dana fecha acordo com um grupo de saqueadores dando a eles um quinto do rebanho, "O quinto de Brendan", que por sua vez abaixa a cabeça e aceita. Tais passagens, embora sirvam para a evolução do enredo, acabam por tirar a credibilidade do mesmo. Em uma terra desolada, com homens frios e cruéis, porém em sua maioria honrados, que exibem as cicatrizes ainda fresca da guerra civíl, mulheres fortes e bravas, que são disputadas a tapa, ou melhor, a tiros, e muito, muito calor, Brendan e Dana desenvolvem um relacionamento que se inicia hostil, mas que ao passar do tempo, vai se tornando quase que uma amizade. Brendam é um pistoleiro. Ou matador, chame como quiser. Em uma dessas missões, acabou matando um homem, cuja esposa viria a se matar 3 dias após a morte desse. Essa esposa era a irmã de Dana, que perdera esposa e 2 filhas na guerra civíl. Dana, um xerife de uma pequena cidade do Texas, consegue um mandato de prisão contra Brendan e parte até o México para capturá-lo. Porém, tal mandato de nada vale em território estrangeiro, e agora ele precisa esperar até que a cavana cruze o Rio Grande para poder prendê-lo. Tal como dito (ou subentendido [ou não]) anteriormente, O Último Pôr-do-Sol parte de um argumento interessante para um desenvolvimento frio, que apenas a partir da metade, onde a relação entre xerife e matador é menos hostil torna-se mais interessante, e acaba resultando em um roteiro fraco e vago. A direção de Aldrich como sempre deixa sua marca, com tomadas magníficas, tal qual na cena final do duelo, onde por um instante, em um jogo de câmera, ambos os envolvidos caminham sobre o leito de um trilho de trem, simbolizando a tênue linha que separa vida e morte em tal momento. Um faroeste menor de Aldrich, mas que nem por isso pode ser considerado pior. Menos bom, talvez.

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