O Último Apache (1954)

Embora suas obras-primas não pertençam ao gênero, Robert Aldrich acabou por ficar mais conhecido como sendo um diretor se faroestes, ou westerns, como você preferir. Esse O Último Apache, ou O Último Bravo, ou até mesmo simplesmente Apache marca o início de sua jornada pelo gênero. Após dirigir alguns episódios de séries e anguns filmes inexpressivos, ele começa a se destacar nessa obra que, muito embora não conte com uma qualidade lá muito alta, tornou-se importantíssima por passar uma nova visão dos indígenas, diferente daquela à qual estávamos habituados e que nos remete aos clássicos de John Ford. Aqui Aldrich ainda é um diretor inexpressivo em processo de formação de sua identidade artística, mas que já demonstrava ter um certo talento. Algo que para nós, hoje, possa parecer clichê, para a época não era. O retrato da jornada de um indígena Apache descontente com seus inimigos Cherookes e com os homens brancos parece algo totalmente banal, mas para a época foi uma revolução no ponto de retratar os índios não como selvagens animais que precisam ser mortos para que o homem branco possa viver, mas como uma vítima do ambiente controlado por "estrangeiros recém-chegados". Como disse, a visão do índio é original, mas infelizmente a forma com que ela é desenvolvida não o é. Apache acaba se tornando um mero filme de ação, deixando de lado a crítica inicialmente construída sobre a forma com que o índio é tratado para se dedicar mais às aventuras do herói Massai em sua luta pela sobrevivência, em constante fuga. Massai esse, interpretado por Burt Lancaster, é algo extremamente inverossímil. Sua efígie e seu comportamento são totalmente irreais e idealizados, caracterizando-o quase que como o estereótipo perfeito de um herói, se assemelhando muito mais aos heróis gregos clássicos do que a um índio apache, sobretudo por conta de seu 1,90m e seus olhos azuis. Porém, todas essas idéias negativas que vão se formando sobre a obra se desfazem em seu final, que insere um ponto de reflexão no espectador e demonstra a existência de um verdadeiro gênio por detrás das câmeras. Apache poderia ser nada mais do que um ode à masculinidade de Burt Lancaster contada através das desventuras de uma lenda tribal que lutou sozinho contra toda a América em meados do século XIX, mas, sob a tutela de Aldrich, acabou por tornar-se um filme ação cabeça e evitou-se o desastre total que poderia vir caso tal obra parasse nas mãos de alguém menos talentoso. Acabou saindo uma obra anti-ufanista, raríssima no cinema norte-americano. Destaque para as atuações, de Burt Lancaster como Massai, de Jean Peters como Nanline, a parceira de Massai e de um jovem Charles Buchinsky como o "futuro esposo" de Nanline. Buchinsky esse, em seu filme de estréia, e que viria a ficar mais conhecido pelo nome de Charles Bronson.

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