Mais uma produção brasileira que faz acreditar que o cinema brasileiro pode ir além dos filmes favelas. Estômago é uma fita do diretor Marcos Jorge que narra a historia de Raimundo Nonato um imigrante nordestino que chega a cidade grande em busca de oportunidades. Ao chegar à metrópole encontra as dificuldades que imigrantes enfrentam ao primeiro contanto com o “novo mundo”, porém com as habilidades que possui e desenvolve, logo passará de cordeiro a leão.
A película apresenta dois Raimundos Nonatos, o primeiro chegando à cidade grande e o segundo em uma prisão. Nestas duas narrativas, acompanhamos a história de Raimundo como também tentamos descobrir o que ocorreu para a prisão dele.
Na primeira narrativa, observamos Raimundo chegando à cidade grande sem dinheiro e apenas uma mala. Ele acaba indo parar em um boteco e neste aprende a cozinhar. Logo, ele chama atenção de um italiano da região que o oferece um emprego em um restaurante. Neste novo local Raimundo aprende as singularidades da cozinha. Conhece receitas, sabores, métodos e o queijo gorgonzola, uns dos elementos principais do filme.
Neste novo mundo, Raimundo conhece Iria, uma prostituta boa de boca que se apaixona por suas coxinhas. Logo eles criam uma intimidade, contudo ele não é correspondido da mesma forma pela prostituta, porém não desisti e continua ao lado dela, mesmo ela rejeitando um beijo. (¬¬).
Na outra narrativa, temos o Nonato que chega a prisão e logo conquista os companheiros e a confiança do manda-chuva através de seus dotes culinários. Nonato transforma uma gororoba em um prato digno do melhor restaurante. E assim ele consegue uma cama e segurança.
É nestas duas tramas que chegamos ao meio do filme perguntando: “O que ocorreu com ele? Por que foi preso se ocorria tudo tão bem?
O filme é com certeza uns dos melhores produzidos atualmente pelo Brasil. O roteiro é bem contado e mostrado, sempre focando em Raimundo. Tem identidade cinematográfica, uma característica pouca encontrada hoje em dia nos filmes brasileiros. Além claro de ser um filme com ritmo, provido de boas interpretações como de João Miguel (uns dos queridinhos do cinema brasileiro) e um filme que consegue transitar tanto no drama como na comédia. Ademais, o filme foge dos padrões brasileiros, apesar de apresentar aspectos que a maioria das produções brasileiras mostram, a fita consegue deixar esses pontos subentendidos.
É uma produção que nos intriga até o fim, fazendo que nos retorcemos na poltrona esperando ansiosamente pelo curioso desfecho de Raimundo Nonato.