Olá, caro leitor. O que proponho neste post é baseado unicamente na minha humilde opinião. Pretendo aqui listar alguns filmes que considero esquecidos pela grande maioria, mas que deveriam ser visto, seja por suas qualidades, seja por seus defeitos (sim, também coloquei alguns filmes ruins... rsrs...). Como cinéfilo, assisto de tudo, e estes filmes me marcaram muito, positivamente ou negativamente; por isso, gostaria de compartilhar com vocês. Segue a lista:
1. Bad Boy (Bad Boy Bubby, Austrália, 1993). Direção: Rolf de Heer. Elenco: Nicholas Hope, Claire Benito, Ralph Cotterill, Carmel Johnson, Syd Brisbaine. Duração: 109 minutos.
Homem vive isolado dentro de um pequeno apartamento por mais de 30 anos, sem nunca ter saído, e vive uma relação incestuosa com a mãe possessiva. Expulso de casa, encara o mundo pela primeira vez e tenta se ajustar à sociedade. Vencedor do prêmio especial do Júri no Festival de Veneza de 1993 e de 4 Prêmios (Melhor Ator - Nicholas Hope, Melhor Edição, Melhor Roteiro e Melhor Direção) do Instituto Australiano de Cinema. O filme contém cenas extremamente desagradáveis, (principalmente no início, quando é mostrada a vida do rapaz dentro de casa) feitas com o propósito de chocar o espectador e, por isso, teve dificuldades de distribuição em vários países (na Inglaterra, por exemplo, foram excluídas várias cenas, como as que mostram o homem torturando um gato).
Por que ver? Apesar das cenas chocantes e desagradáveis, o filme oferece uma contundente denúncia sobre como uma pessoa pode ser moldada pela sociedade. Afinal, o que é preciso ser ou fazer para ser socialmente aceito? Aviso: os mais sensíveis podem ficar impressionados com algumas cenas, em especial as que mostram o relacionamento sexual entre a mãe e o rapaz.
2. O Amor e a Fúria (Once Were Warriors, Nova Zelândia, 1994). Direção: Lee Tamahori. Elenco: Rena Owen, Temuera Morrison, Mamaengaroa Kerr-Bell, Julian Arahanga. Duração: 99 minutos.
Beth é casada com Jake e tem 5 filhos. Mas Jake é machista e violento, passando a maior parte de seu tempo bebendo num bar com amigos. Mesmo amando-o, Beth constantemente sofre com sua violência; violência esta que está a ponto de desestruturar toda a família. Impressionate filme dirigido pelo neo-zelandês Lee Tamahori que, depois deste filme, dirigiu algumas produções hollywoodianas. Na época de seu lançamento, o filme ficou famoso por bater a bilheteria de "Jurassic Park" em seu país de origem.
Por que ver? O filme mostra um retrato verdadeiro da discriminação sofrida pelos guerreiros maori em seu país. E é também um vigoroso retrato da violência doméstica. A primeira vez que mostra Beth sendo agredida é um verdadeiro soco no estômago do espectador.
3. O Saci (Brasil, 1953). Direção: Rodolfo Nanni. Elenco: Olga Maria, Paulo Matosinho, Lívio Nanni, Aristéia Paula Souza, Maria Rosa Moreira Ribeiro, Benedita Rodrigues, Otávio de Araújo, M. Meneghelli, Yara Trexler. Duração: 65 minutos.
A Cuca enfeitiça Narizinho, e Pedrinho, com a ajuda do Saci, tenta encontrar um jeito de desfazer o encanto e salvar a garota. Primeira adaptação de uma obra de Monteiro Lobato para o cinema, e uma das primeiros filmes voltados para o público infantil do cinema brasileiro. Curiosidades: A Emília foi interpretada uma criança (Olga Maria) e, nesta história, o Visconde de Sabugosa não aparece (provavelmente porque a história se passa num período de tempo posterior ao do livro "Reinações de Narizinho", onde ele morre afogado).
Por que ver? Porque é um excelente exemplo de como o cinema brasileiro pode produzir verdadeiras obra-primas. Um filme encantador para crianças e adultos, muito superior aos filmes da Xuxa, Didi e afins. Além disso, dá de 10 a zero em qualquer versão do sítio produzida para a TV. E a Cuca, como uma velha sinistra, está muito mais assustadora do que, digamos... um boneco representando uma "jacaroa".
4. Macaco Feio, Macaco Bonito (Brasil, 1929). Direção: Luiz Seel. Duração: 5 minutos.
Macaco consegue escapar de sua jaula no zoológico, e apronta confusões. Desenho animado cômico, inspirado nos desenhos dos norte-americanos Max e David Fleischer, como Popeye e Betty Boop, é uma das primeiras realizações brasileiras no gênero.
Por que ver? Por ser um verdadeiro clássico do cinema brasileiro. E pelo início, simplesmente maravilhoso, imaginativo, e com ótimas ideias.
5. O Uivo da Bruxa (Cry of the Banshee, Inglaterra, 1970). Direção: Gordon Hessler. Elenco: Vincent Price, Hilary Heath, Carl Rigg, Patrick Mower, Essy Persson. Duração: 91 minutos.
Na época elizabethana, lorde tenta acabar com as bruxas e as práticas pagãs numa pequena comunidade rural. Porém, ao assassinar jovens de uma antiga seita, provoca a ira de sua líder, Oona, que faz um pacto como mago da comunidade (o banshee) e transforma sua vingança num banho de sangue. O filme nunca foi lançado no Brasil, talvez porque, na época de seu lançamento, durante o período da Ditadura Militar, a violência era um tema tabu, e o filme apresenta violentas imagens de torturas e mortes.
Por que ver? Por ser um filme estranho, lento, e por retratar um período violento da história humana de forma violenta. O filme dá um outro aspecto ao já batido tema da caça às bruxas. E pelo final, assustador e magnífico.
6. Viagens (Voyages, França, 1999). Direção: Emmanuel Finkiel. Elenco: Shulamit Adar, Liliane Rovère, Esther Gorintin, Nathan Cogan, Moscu Alcaley, Maurice Chevit. Duração: 115 minutos.
3 histórias: Rikwa, uma francesa de 65 anos que vive em Israel, participa junto com um grupo de uma viagem de Varsóvia a Auschwitz. Regine vive em Paris; a chegada de um homem que diz ser seu pai (e que ela acreditava que havia morrido nos campos de concentração) agita a monotonia de sua vida. Vera, de 85 anos, é uma russa que vai a Tel-Aviv tentar encontrar sua prima desaparecida, e a encontra num hospício. O destino interligará essas 3 mulheres. Filme vencedor de 2 prêmios no César (Melhor filme de estréia e melhor montagem).
Por que ver? Por tratar de um assunto tão doloroso (a vida dos sobreviventes do Holocausto) de uma forma que chega a ser delicada e poética. Um ótimo filme, muito bem recebido pela crítica do mundo inteiro.
7. O Dia em que Marte Invadiu a Terra (The Day Mars Invaded the Earth, EUA, 1963). Direção: Maury Dexter. Elenco: Kent Taylor, Mary Windsor, William Mins. Duração: 70 minutos.
O Dr. David Fielding envia uma sonda-robô a Marte. Após conseguir uns dias de folga, e na esperança de salvar seu casamento, parte com a mulher e o filho para uma mansão isolada. Mas o que ele não sabia é que marcianos vieram na forma de energia através das transmissões da sonda, e agora assombram a mansão.
Por que ver? Por ser um filme curioso, que retrata o já surrado tema das invasões alienígenas de uma maneira inesperada e original. Não é tão bom assim, mas vale uma espiada.
8. A Noiva do Monstro (Bride of the Monster, EUA, 1955). Direção: Edward D. Wood Jr. Elenco: Bela Lugosi, Tor Johnson, Tony McCoy, Loretta King. Duração: 69 minutos.
Uma série de estranhas mortes num pântano faz com que todos acreditem na existência de um monstro. Uma repórter e um investigador tentam desvendar a história, e se deparam com um cientista louco e seu estranho assistente. Um dos filmes dirigidos por Ed Wood, considerado "o pior cineasta da história".
Por que ver? Porque o filme, de tão ruim, chega a ser bom e engraçado: interpretações ridículas, diálogos e roteiro absurdos, garantem a diversão de quem entrar no clima. Sem contar o final, sem dúvida um dos piores da história do cinema. Para saber como o monstro morre de forma tão ridícula (que chega a ser hilária) só vendo o filme.
9. Pantaleão e as Visitadoras (Pantaleón y las Visitadoras, Peru, 1999). Direção: Francisco J. Lombardi. Elenco: Salvador del Solar, Angie Cepeda, Pilar Bardem, Monica Sánchez. Duração: 116 minutos.
Pantaleão, um capitão do exército peruano, tem a missão de recrutar um grupo de prostitutas e levá-las através de um barco pelos rios, saciando os desejos dos soldados que ficam meses sem ver uma mulher. Mas uma de suas recrutadas o leva à loucura. Baseado no best seller de Mario Vargas Llosa. Único filme produzido em seu país no ano. O próprio Vargas Llosa já havia dirigido uma versão anterior, na década de 1970, da qual pouco se sabe.
Por que ver? Por ser uma rara oportunidade de se ver um ótimo filme latino-americano que não faça parte do eixo Brasil-Argentina-México.
10. Brincadeira de Criança (Child's Play, Inglaterra, 1984). Direção: Val Guest. Elenco: Mary Crosby, Nicholas Clay, Debbie Chasan, Suzanne Church, Joanna Joseph. Duração: 70 minutos.
Ann Preston vive em uma casa confortável com o marido e a filha. Um dia, ao acordar, nota que em volta da casa há um estranho muro cinza, o que a impede de abrir portas e janelas. À medida em que o tempo passa, os 3 tentam, desesperadamente, achar uma saída. Mas coisas estranhas começam a acontecer: o relógio, que fica parado no mesmo horário em que Ann acordou (4h10), um estranho símbolo presente em todos os móveis e objetos da casa, inclusive no braço do marido de Ann, e uma misteriosa gosma verde, que começa a tomar conta da sala. O filme, na verdade, foi produzido para a TV, como um dos episódios da série "Hammer House of Mistery and Suspense", e foi exibido pela rede Bandeirantes no extino Cine Trash (não me lembro de outra exibição do filme na TV brasileira). O título original é o mesmo do "clássico" Brinquedo Assassino.
Por que ver? Porque o final (quando surge a resolução do mistério) representa uma das reviravoltas mais estranhas, absurdas, mirabolantes e imaginativas da história do cinema. Certamente muitos vão se decepcionar, outros vão odiar, mas não há como negar: é a reviravolta mais maluca de todas. E, pra fechar com chave de ouro a criatividade do roteirista, ainda aparece a frase: "Baseado em fatos reais. Só..." Bem, pra saber como a frase termina, só vendo o filme, que está disponível no Youtube, dividido em 8 partes, na versão original, sem legendas. Só procurar.
E então, caro cinéfilo e amigo leitor: o que achou desta lista? Já viu ou conhece algum desses filmes? Fica a minha dica para você. Só não se esqueça de postar um comentário com sua opinião a respeito desse post.