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Ação Entre Amigos (1998)

Logo na abertura, Beto Brant já deixa explícito o tema do filme, ao misturar o nome da equipe com documentos oficiais da época da ditadura. ...

Logo na abertura, Beto Brant já deixa explícito o tema do filme, ao misturar o nome da equipe com documentos oficiais da época da ditadura. Ditadura. Um tema bastante aproveitado no cinema nacional, sobretudo na retomada após a longa interrupção que aconteceu durante os anos 90. Um ano após O Que É Isso, Companheiro? ter sido indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, é difícil não estabelecer uma relação entre os dois filmes, muito embora tal relação se limite apenas à temática. Se usar temas batidos facilita na hora de construir sua visão, também atrapalha ao dificultar a originalidade. Original Ação Entre Amigos está longe de ser, mas dizer por conta disso que esse é um filme pouco eficiente seria um erro. A história de quatro amigos que descobrem que o homem que os torturou 25 anos atrás ainda está vivo e saem em busca de fazer vingança com as próprias mãos é totalmente manjada, mas talvez a forma com que tal história evolui não seja. Embora cada um dos quatro tenha seu momento de destaque na tela, com certeza o que mais recebe destaque é Miguel, chegando ao ponto em que podemos afirmar que não se trata de quatro amigos, mas sim de Miguel e seus três amigos. A personagem de Miguel ainda pode servir de base para uma avaliação das interpretações, visto que em sua fase adulta, interpretado por Zé Carlos Machado, é a melhor das quatro boas atuações, enquanto que em sua fase jovem, interpretado por Rodrigo Brassoloto, é a mais insossa de quatro fracas atuações. Ação Entre Amigos é rosto e alma do cinema de baixo orçamento brasileiro, feito com a boa e velha máxima Rocha-ana de "Uma câmera na mão e uma idéia na cabeça". Montagem exagerada tentando compensar uma fotografia pífia e uma trilha sonora excessivamente eletrônica sobressaindo em momentos inconvenientes. Problemas presentes, mas que não atrapalham um bom roteiro. Bobagem ficar falando sobre aspecto técnico, atuações e tal. Na verdade, bobagem falar sobre qualquer coisa. Embora esse texto se encaminhe para ser um texto incrivelmente curto, assim como o filme que ostenta meros 75 minutos de projeção, gostaria de fazer uma observação quanto à relação das personagens com seus passados. Todas elas, sem exceção, querem apenas esquecer o que já passou, seja tal esquecimento fingindo que o passado não aconteceu, fugindo para o interior e mudando de vida, esquecendo das atitudes que tomou ou exorcizando os demônios que o acompanham. Uma busca constante por redenção, sem ser melodramático. Mérito de Brant.

Um comentário

  1. Perfeito Jorge, Segundo filme do Beto Brand, depois do Debu com Os Matadores (Exelente!) não decepciono. Mais uma parceria com o Marçau (roterista e escritor), que rende frutos até hoje.
    Parabéns!

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